sábado, 29 de janeiro de 2011

             
           A epilepsia é uma doença neurológica crônica caracterizada por crises convulsivas recorrentes. Ocorre uma descarga excessiva e sincrônica dos neurônios no córtex cerebral e o indivíduo pode apresentar diversas manifestações, dependendo da região do córtex onde se inicia a descarga e de sua velocidade.
            A Organização Mundial da Saúde estima que 50 milhões de pessoas já apresentaram ao menos uma crise epiléptica. Elas geralmente são curtas, durando segundos ou minutos e acabam espontaneamente. Apesar de existirem remédios para essa doença, em alguns casos não ocorre resposta ao tratamento. Essa “epilepsia de difícil controle” acontece quando as convulsões de um indivíduo são refratárias a pelo menos dois medicamentos. Nesses casos, a dieta cetôgenica pode ser uma alternativa, pois os remédios já não são uma opção.
            Essa dieta é composta por uma quantidade abundante de lipídeos, moderada em proteínas e com baixíssimas quantidades de carboidratos, na proporção 4:1 (lipídeos/proteínas e carboidratos), apresenta também restrição de líquidos. Como a obtenção de energia é gerada praticamente a partir de lipídeos, ocorre como conseqüência um aumento da cetogênese, produzindo assim os corpos cetônicos, gerando uma acidose induzida. Observando-se que pacientes com epilepsia apresentam suas crises mais controladas na acidose metabólica induzida pelo jejum, pode-se perceber que a dieta cetogênica seria uma alternativa interessante no tratamento de crianças e adultos.
            Jong Rho, pediatra neurológico na universidade de Calgary afirma que os corpos cetônicos protegem as células cerebrais de serem danificadas. Outros estudos sugerem que a Cetose pode aumentar a estabilidade neural e os níveis de GABA nos terminais nervosos. Mas, diversas pesquisas estão sendo realizadas na tentativa de respostas para essa questão.
            A dieta cetogênica geralmente não é recomendada para adultos, pela necessidade de uma alteração significativa do estilo de vida. Mas, em estudos realizados em 2008, no centro de pesquisas médicas do hospital Johns Hopkins, 30 pessoas com “epilepsia de difícil controle” de 18 a 53 anos foram observadas seguindo a dieta modificada de Atkins.
            Essa dieta, apesar de também induzir Cetose, é menos rigorosa que a dieta cetogênica, restringindo os carboidratos para 15g diárias, mas com uma quantidade de proteínas e lipídeos não tão controlada. Também não necessita de uma restrição de líquidos e pesagem de alimentos. Como resultado, 47% deles tiveram uma redução de mais de 50% dos ataques epilépticos após um a três meses de dieta e 33% deles após seis meses. Concluiu-se então, que a dieta modificada de Atkins demonstra eficácia preliminar para adultos com epilepsia intratável, mostrando-se eficaz assim como a dieta cetogênica.
            Algumas conseqüências podem ser geradas a partir do início da dieta cetogênica, como vômitos, diarréias e desidratação. Em longo prazo, existe 3-5% de chance de o paciente vir a desenvolver cálculo renal, 29-59% de chance do desenvolvimento de hipercolesterolemia e 2% de hiperuricemia e hipocalcemia.  
            Ao iniciar uma dieta cetogênica ou uma dieta de Atkins modificada é de extrema importância o acompanhamento médico, pois a cetoacidose por longos períodos pode ser fatal. Além disso, em dietas com restrição de carboidratos, ocorre simultaneamente a perda de massa magra a partir da gliconeogênese.

Fonte:
Por: Jéssica Pedroso

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